Mega-aumento de combustíveis deve gerar novas pressões a partir de março
Pressionado pelos preços de educação e alimentos, o índice oficial de inflação do Brasil teve alta de 1,01% em fevereiro, informou nesta sexta-feira (11) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
É a maior variação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) para o mês desde 2015 (1,22%).
O resultado veio acima das expectativas do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam taxa de 0,95%. O avanço em fevereiro significa uma aceleração frente ao mês anterior, quando a taxa foi de 0,54%.
Assim, o IPCA chegou a 10,54% no acumulado de 12 meses. Na divulgação de janeiro, a taxa acumulada estava em 10,38%.
A partir de março, a inflação tende a receber novas pressões, com os reflexos econômicos da guerra entre Rússia e Ucrânia, que começam a piorar projeções de analistas para o ano.
O conflito já provocou disparada de commodities como o petróleo, gerando um mega-aumento de combustíveis no Brasil nesta semana.
Ao permanecer em dois dígitos, o IPCA continua distante da meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central). O centro da medida de referência neste ano é de 3,50%. O teto é de 5%.
De acordo com analistas, o IPCA deve estourar a meta em 2022. Se a estimativa for confirmada, será o segundo ano consecutivo de descumprimento. Em 2021, o avanço do índice foi de 10,06%.
EDUCAÇÃO E ALIMENTOS PUXAM ALTA MENSAL
Em fevereiro, todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE tiveram alta de preços.
O segmento de educação registrou o principal impacto (0,31 ponto percentual) e a maior variação (5,61%) no IPCA do mês. A alta reflete os reajustes de mensalidades no começo do ano letivo.
Dentro de educação, o maior impacto, de 0,28 ponto percentual, veio dos cursos regulares, que subiram 6,67%, com destaque para ensino fundamental (8,06%), pré-escola (7,67%) e ensino médio (7,53%).
"O avanço do IPCA no mês está muito relacionado com educação", disse Pedro Kislanov, gerente da pesquisa do IBGE.
Entre os grupos, o segundo destaque no mês passado foi de alimentação e bebidas. A alta dos preços desse segmento atingiu 1,28%, com contribuição de 0,27 ponto percentual para o resultado geral.
Conforme Kislanov, o avanço de alimentos é explicado pelo clima adverso na largada de 2022. Enquanto municípios do Sudeste registraram excesso de chuva, o Sul amarga período de seca.
Os extremos prejudicaram o cultivo de itens diversos, impactando a oferta e os preços. O IBGE destaca a disparada de alimentos como batata-inglesa (23,49%) e cenoura (55,41%) em fevereiro.
As informações são da Folha de São Paulo.
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