O Salariômetro, da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) mostra que no ano passado, 79,5% das negociações salariais resultaram em reajustes acima do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Como o senhor avalia esse resultado porque 2017 foi um ano de desemprego alto e a economia não cresceu muito.
Sergio Luiz Leite, Serginho, presidente da Fequimfar – Primeiro é um índice importante para o termômetro do movimento sindical, das negociações coletivas e, porque não dizer, da economia. Todos conhecem a nossa postura no movimento sindical, na Federação dos Químicos, na Força Sindical. Acreditamos que a recuperação da economia passa pela distribuição de renda. Já tivemos a experiência dos aumentos reais do salário. mínimo, que resultou no aumento da participação dos salários na economia interna. Isso não é diferente nas categorias organizadas. Então esse é o aspecto positivo. O segundo aspecto positivo, com todo ataque que o movimento sindical tem sofrido por parte do governo que tenta tirar os recursos dos sindicatos desestruturando as entidades, os sindicatos ainda demonstram reação diante dos empregadores. 2017 foi um ano em que entrou em vigor a nova lei trabalhista, que o governo tentou colocar em dúvida as estruturas sindicais em relação ao custeio sindical e que a reforma da Previdência não foi aprovada graças a resistência do movimento sindical. Todas essas ações mostram que o movimento sindical está vivo, forte e com disposição de continuar lutando.
Mesmo com todos esses ajustes que os sindicalistas estão tendo que fazer?
Os ajustes que o movimento sindical passa devido a queda da arrecadação, não tiram o compromisso das lideranças sindicais na luta dos trabalhadores. Esse é um momento difícil que o movimento sindical passa nessa questão do ajuste. Por outro lado, também é um momento no qual o movimento sindical começa se reinventar, dividindo ainda mais as responsabilidades com os trabalhadores. Aponta-se uma valorização maior da negociação coletiva. Fortalecer a negociação coletiva significa existência de sindicato forte, ou seja, que ele tenha poder, de forma coletiva, de aprovar o seu sistema de custeio.
Dá para ter uma ideia de como será 2018?
2018 é um ano eleitoral, de Copa do Mundo, uma grande quantidade de feriado, uma disputa eleitoral muito forte. Temos três grandes tarefas para 2018: continuar fortalecendo as estruturas sindicais com todas dificuldades, derrotar a reforma da Previdência e ter um papel proativo para a eleição de 2018 para deputados estaduais e federais, senador, governadores e presidente da República. O movimento sindical precisa pautar a discussão trabalhista,por exemplo, quais os ajustes que serão necessários na lei trabalhista aprovada, na estrutura sindical, ou seja, como a gente valoriza de fato o movimento sindical, dá poder para ele discutir coletivamente com a sua categoria a sua forma de custeio e, logicamente, a Previdência. Sabemos que a reforma da Previdência é uma necessidade, mas queremos discutir qual a reforma fazer. Então, essa perspectiva de 2018 acaba nos dando tarefas importantes. E não fugindo do tema campanha salarial, os grandes economistas apontam crescimento da economia. Isso dá poder para o movimento sindical continuar na toada da reposição da inflação e luta pelo aumento real de salário. A criação de empregos não acompanhará essa perspectiva de crescimento da economia se nos basearmos no resultado do Caged . Ainda ao foi divulgado oficialmente, mas que já deram publicidade: perdemos mais de 368 mil empregos no final do ano passado. Isso mostra que a pequena reação da economia não correspondeu a recuperação do emprego. Pelo contrário, a lei trabalhista possibilitou a troca de empregos formais por empregos informais, ou seja, ela muda e precariza a forma de emprego. Temos que debater isso no processo eleitoral.
As informações são da Força Sindical
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