Uma das categorias profissionais mais impactadas pela pandemia no Brasil foi a dos trabalhadores domésticos, composta, em sua maioria, por mulheres negras de baixa escolaridades. Entre o início de 2020 e o segundo trimestre de 2021, o número de empregados no setor caiu de 6,4 milhões para 5 milhões, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), considerando os mercados formal e informal.
O medo da contaminação e a perda da renda dos empregadores, aliados a outros fatores trazidos pela pandemia, atingiram em cheio a empregabilidade desses profissionais.
O presidente do instituto Doméstica Legal, Mário Avelino, ressalta que o trabalho remoto dos contratantes foi um dos principais motivos da queda de vagas. “Muitos empregadores, principalmente os da classe média, começaram a trabalhar em home office. Com isso, eles dividiram as tarefas e cortaram o gasto com o salário da doméstica. E muitos demitiram as domésticas e contrataram diaristas, para trabalhar duas ou três vezes na semana”, analisou.
A perda de emprego fragiliza ainda mais uma classe já vulnerável socialmente. Mário Avelino ressalta que a recolocação profissional das domésticas é árdua.
“As domésticas, em geral, não têm uma instrução que permite conseguirem rapidamente trabalhar em outra função. Por isso, oriento os empregadores que segurem um pouco, já que a vacinação está avançando”, disse.
Avelino acredita que a partir do segundo semestre deste ano, haverá certa recuperação de empregos no setor, mas garante que o trabalho doméstico nunca será como no período pré-pandemia,
“O home office veio para ficar. E muitas empresas adotaram o modelo híbrido. Então, muitos empregadores viram que dá para viver sem a doméstica ou substituí-la por uma diarista. Então há uma tendência de aumentar um pouco os postos de trabalho de diarista”, explica.
Perfil Dos 5 milhões de trabalhadores domésticos no país, 92% são mulheres, das quais 65% são negras. A taxa de formalidade no setor é de apenas 25%. As informais ganham 40% menos do que as formais e as trabalhadoras negras recebem em média 15% menos. Os dados são da Pnad divulgada no último trimestre de 2020.
Adir Paim Resende, 50, é mãe solteira de cinco filhos, dos quais três moram com ela, de 18, 12 e 8 anos, no bairro Petrolândia, em Contagem. A pandemia impactou fortemente a renda de sua casa quando ela foi demitida, logo no início da proliferação da doença.
“Eu estava trabalhando, mas em março do ano passado fui demitida. Foi muito difícil, ficar desempregada é um problema. Eu fiquei recebendo seguro desemprego, depois tive que correr atrás de emprego porque sou separada e quem cuida da casa sou eu. Voltei, e tem uma semana que estou trabalhando, graças à agência Lar das Domésticas”, conta
Já no caso de Joelma Aparecida Cassimiro, 47, moradora do bairro Goiânia, na região Noroeste de Belo horizonte, para reduzir o risco de infecção pelo coronavírus, seu empregador optou por reduzir a frequência dos trabalhos, mas ela comemora o fato de a renda não ter sido afetada.
“No ano passado fiquei dois meses sem ir ao serviço, e voltei em maio, mas passei a ir de 15 em 15 dias, e não uma vez por semana. E também porquê o senhor que eu trabalho para ele não estava trabalhando, estava ficando em casa. Mas ele continuou me pagando”, afirma.
As informações são de O Tempo.
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